terça-feira, 4 de junho de 2013

Post Rapidinho (já estava escrito, foi só colar - beijoooos para todas!!!)

Há dias tive uma conversa muito interessante com uma grande amiga minha. Ela estava a contar-me que tinha estado a ler um artigo sobre perturbações alimentares e que ficou um bocado intrigada, porque... hum, como é que ela havia de dizer aquilo... porque tinha-me encaixado em muitas das caraterísticas e critérios que falavam no artigo. Eu achei piada.

Achei piada, por duas razões.

1) Nas minhas piores alturas em relação a problemas alimentares nós já eramos amigas e lembro-me de conversarmos, por vezes, sobre o assunto. E lembro-me que sim, naquela altura, eu preenchia muitos dos critérios, provavelmente todos, para uma perturbação do comportamento alimentar - anorexia. Mas ela nunca, nunca, nunca me disse nada, nunca me questionou e até me defendia de comentários de outras pessoas. Ela sempre achou que se eu me sentia bem, tudo estava bem. Claro que eu estava bem, estava a emagrecer cada dia mais e mais e mais... Sem me aperceber do que estava a fazer ao meu corpo. É engraçado que ela nessa altura nunca tenha reparado. Lembro-me de ter emagrecido imenso, de ser super restritiva e seletiva na minha alimentação (que se baseava em sopa, fruta e bolachas de àgua e sal, em poucas quantidades), de praticas exercício físico diariamente ou até duas vezes ao dia, de tomar laxantes, de tentar provocar o vómito, de saltar refeições, enfim... Mas, para mim, naquela altura, foi mesmo muito importante que ela não me apontasse o dedo. Talvez o melhor tenha sido mesmo ela não saber, não desconfiar, e dessa forma ela apoiou-me.

2) A segunda razão pela qual achei piada ela ter-me encaixado em alguns dos critérios é que eu atualmente acho que não me encaixo em muitos deles! Ahahaha! Acho que o que tenho agora é uma ligeira obsessão pela alimentação saudável e pela boa forma física, mas não uma perturbação alimentar. Depois da possível "anorexia", passei para um período de "bulímia", com episódios de ingestão compulsiva várias vezes por semana, às vezes, mais do que uma vez por dia. A isso juntavam-se os comportamentos purgatórios, a baixa autoestima, tristeza, frustração... Nesse período, ganhei todo o peso que tinha perdido e até mais. Não conseguia acreditar nem aceitar, aquele não era o meu corpo. Continuo a achar que este não é o meu corpo. O meu peso normal sempre foi de 64kg (+/-), depois baixei até aos 57/58 e voltei a subir para os 71kg (o meu peso máximo). Atualmente, devo ter 69kg. Este não é o meu corpo, mas consigo aceitá-lo. Atualmente, já mudei muitos comportamentos que tinha dantes: tenho uma alimentação mais variada e equilibrada (mas reconheço que continuo um pouco obcecada por calorias, gorduras, etc; mas estou a melhorar), não tomo laxantes (às vezes, ainda tomo chá de sene, quando como mais, para ajudar a regular os meus intestinos, porque fico mesmo, mesmo inchada) e não forço o vómito, os meus episódios de ingestão compulsiva diminuiram bastante tanto em frequência como na quantidade de comida ingerida nesses momentos (continuo a ter alguns, mas mesmo psicológicamente consigo geri-los muito melhor). A minha autoestima está melhor, a minha visão do corpo também acho que sim, apesar de não estar satisfeita com ele... Mudei tudo isto... E a minha amiga, agora, agora que eu já melhorei tanto, foi ler aquele artigo e achar que eu me enquadro na maioria das caraterísticas.

Ela não me julgou nem nada. É uma grande amiga e eu percebo que ela tenha encontrado algumas caraterísticas das pessoas com perturbações do comportamento alimentar que se apliquem a mim, é normal. Ela ficou espantada por saber que eu teria passado por tudo aquilo que as pessoas com PCA passam, porque é de facto um processo complicado que tem influências em muitas àreas. Também ficou um bocado triste por achar que não me apoiou como devia (apesar de eu achar que o fez da melhor maneira possível).

Sinceramente, nunca nenhum psicólogo ou psiquiatra me disse de caras que tinha o diagnóstico "x" ou "y". Mas, eu estou a estudar psicologia e tive uma cadeira só sobre estas perturbações. Na altura comecei a desconfiar que algo se passava, mas sentia-me bem, por isso ignorei. Olhando para trás, sim, acho que tive uma PCA e que ainda estou a recuperar. Mas não acho que o diagnóstico seja o mais importante. Para o diagnóstico são necessários vários critérios, mas a pessoas pode só ter um deles e sentir-se profundamente mal psicologicamente e isso é o suficiente para que seja apoiada e que haja uma intervenção psicológica se ela assim o necessitar. O importante é ajudar a pessoa a sair desse cíclo, seja de anorexia, bulimia ou uma PCA não especificada que não preenche os critérios das anteriores.

Acabou por ser um desabafo demasiado grande, desculpem. Tinha de falar.
:)

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